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Religião nas prisões: como a espiritualidade ajuda presos e funcionários a enfrentarem o cárcere

O Profissão Repórter desta terça-feira (15) visitou penitenciárias de três estados do Brasil para saber qual é o poder da religião e a força da fé dent...

Religião nas prisões: como a espiritualidade ajuda presos e funcionários a enfrentarem o cárcere
Religião nas prisões: como a espiritualidade ajuda presos e funcionários a enfrentarem o cárcere (Foto: Reprodução)

O Profissão Repórter desta terça-feira (15) visitou penitenciárias de três estados do Brasil para saber qual é o poder da religião e a força da fé dentro das cadeias. Edição de 15/04/2025 O Profissão Repórter desta terça-feira (15) visitou penitenciárias de três estados do Brasil para saber qual é o poder da religião e a força da fé dentro das cadeias. A equipe acompanhou cultos evangélicos, missas católicas e cerimônias de religiões de matriz africana para entender como a espiritualidade tem ajudado presos e funcionários a lidar com o ambiente prisional. Saiba mais abaixo. O crescimento do evangelismo nas cadeias Apesar de a maioria dos brasileiros se declarar católica, o número de evangélicos cresce dentro e fora das cadeias. Há 14 anos, o pastor Everton Magno realiza cultos dentro de presídios de Porto Velho, capital de Rondônia. "Nós entramos com a nossa fé, e eles, ao adquirirem a deles, são recuperados, salvos e ressocializados", contou. O detento Hosano de Souza é um dos convertidos que participa dos encontros: "Eu quero mudar de vida, ter outra vida, vida com Jesus. Antes eu só pensava em coisa errada". Batismo e rompimento com o crime Em um culto evangélico acompanhado pela equipe, dez detentos da penitenciária Milton Soares, em Porto Velho, decidiram se batizar. Para eles, o batismo é um ritual importante que simboliza a mudança de vida e o rompimento com o crime. "Senti que saiu um peso das costas. Um novo caminho a se seguir", disse Maicon de Oliveira, um dos presos. Batismo dentro de presídios Reprodução/TV Globo Fé entre os agentes penitenciários A fé também é importante para os servidores. O pastor Rogério Afonso foi agente penitenciário por anos e hoje é capelão da Polícia Penal. "O ambiente prisional é pesado. Nosso trabalho é cuidar da saúde espiritual dos servidores e ajudar no autocontrole emocional e psicológico", contou. "Ser capelão mudou em muita coisa na minha vida, no comportamento, na forma de tratar os apenados, porque eles são seres humanos também e têm direito de errar." A capelania é um serviço praticado por diferentes religiões e ajuda agentes no ambiente prisional e também em caso de hospitalizações. O trabalho da Pastoral Carcerária Na Penitenciária Feminina de Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife, o padre Francisco Demanter realiza missas mensais. Após a celebração, ele percorre as celas ouvindo pedidos das detentas: assinatura de documentos, entrega de sabonetes e absorventes. "Nosso trabalho é estar junto, escutar e acolher", diz o padre. "A religião alimenta nossa alma e nosso espírito, que ficam muito atribulados neste lugar", conta Ana Gerônimo, presa na unidade. Profissão Repórter visitou penitenciárias de três estados do Brasil para saber qual é o poder da religião Reprodução/TV Globo Umbanda e ancestralidade nos presídios femininos No Rio de Janeiro, a equipe acompanhou a umbandista Mãe Flávia em uma visita às penitenciárias femininas de Seropédica. Com vestes brancas e voz firme, ela realiza rituais adaptados às restrições das prisões — sem velas ou atabaques. O trabalho inclui cantos, descarregos com folhas e reflexões sobre ancestralidade. "Eu não autorizo incorporação de ninguém, porque cadeia não é lugar para isso. 'Ah estou sentido isso ou aquilo'. É emoção, se alimenta dela", disse Mãe Flávia durante uma das sessões. Ela explica que escolheu atuar em presídios femininos porque as mulheres recebem menos visitas. Além do atendimento espiritual, Mãe Flávia e seu grupo já desenvolveram projetos sociais, como a confecção de absorventes reutilizáveis. "Essas mulheres menstruam, muitas vezes sem acesso a um absorvente. Trabalhar com elas é lutar contra a invisibilidade." Representantes de religiões africanas estão cadastrados para ir em todos os presídios federais, mas só cinco estados disseram que têm cadeias visitadas por estes religiosos. Religiões de matriz africana são disseminadas dentro de presídios femininos Reprodução/TV Globo Intolerância e direito à fé A assistência religiosa nas cadeias é garantida por lei e deve ser oferecida a todas as religiões, respeitando a laicidade do Estado. Uma resolução nacional veda qualquer forma de proselitismo — quando se tenta impor uma religião aos outros — e exige que as penitenciárias mantenham espaços inter-religiosos. No entanto, representantes de religiões afro-brasileiras relatam dificuldades para exercer sua fé em igualdade. A reportagem completa está disponível no programa desta terça-feira. Assista no vídeo acima. Confira as últimas reportagens do Profissão Repórter: